Pessoal, eu tentei manter o ritmo das postagens, mas com a temporada de provas, tcc e fechamento de notas e faltas estou sobre carregada. Assim que as coisas acalmarem volto pra falar de tccs e estágios entre outros assuntos sobre psicologia. Quero falar sobre filmes, projetos de pesquisa e mais temas de aulas.
Continue me acompanhando no Facebook.
Até logo,
Raquel A. Cassoli
Blog sobre Psicologia, Psicologia Escolar/Educacional e aulas (textos, livros e filmes) de Psicologia.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Para gostar de ler.....além da Psicologia.
(img site: Brasil Escola)
Hoje é muito fácil encontrar recomendações de filmes que acompanham os
estudos em Psicologia, mas eu tenho um interesse particular por "estudar
casos" com livros. Sou leitora assídua, costumo durante as férias ler 3 ou
4 livros, durante o período letivo acabo lendo muitos artigo para complemento e
os livros para as aulas ou estudo para o doutorado, quase não sobra muito tempo
para ler romances, que são minhas leituras de descanso. Ultimamente tenho lido muito biografia, li “ Vale Tudo” do Nelson Motta sobre o Tim
Maia e recomendo fortemente a biografia
do “Ayrton Senna: o herói revelado” escrita por Ernesto Rodrigues, este ultimo
como exemplo de pessoa centrada em seus objetivos.
Os filmes são sempre muito bons, mas os livros são melhores.
Posso
passar um bom tempo aqui argumentando as riquezas das histórias cômicas de
Bridget Jones (O diário de Bridget Jones
e Bridget Jones no limite da razão)
da Helen Fielding, muito mais divertidas no livro do que no cinema, e do livro “O lado bom da vida” de Matthew Quick,
muito mais surpreendente do que o filme.
Mas a proposta de hoje é indicar livros que são complementares aos temas
de aula e que não se configuram como livros teóricos.
Gosto muito dos livros do Oliver Sacks, que misturam casos reais com
estudo de caso. Oliver Sachs é biólogo e neurologista, nasceu em 1933, em
Londres, mas mora nos Estados Unidos, onde dá aulas de Neurologia e
Psiquiatria. O meu preferido é “Um
antropólogo em marte” – contem 7 histórias, sendo uma delas “Ver e não ver” que inspirou o filme “A Primeira vista” (1999, direção Irwin Winkler, com Val Kilmer
e Mira Sorvino ) e a história “Um antropólogo em marte” (que é o título do
livro) que fala sobre autismo e foi indicação de uma professora na faculdade.
Foi paixão á primeira lida, depois deste li “ O Homem que confundiu sua mulher com um chapéu” que dividido em 4 partes contem 24 histórias. A
primeira parte fala de Perdas relacionadas aos déficits neurológicos, inclusive,
uma das histórias fala sobre os membros fantasmas (a sensação que os amputados
tem de sentir o membro que não está mais ali – leitura obrigatória para quem
pretende trabalhar com reabilitação de pessoas que sofreram amputações). A
segunda parte trata de Excessos neurológicos. A terceira parte fala sobre
Transportes (sonhos e alucinações) e a quarta parte fala sobre O Mundo dos Simples (sobre deficiências cognitivas)
nesta parte também há uma história sobre autismo, já o livro “Alucinações musicais” fala sobre
as relações humanas com a música, as emoções e sua aplicação para
pacientes psiquiátricos.
O livro “Vendo Vozes” é uma
leitura obrigatória para quem pretende trabalhar com deficientes auditivos.
Oliver Sachs é responsável também pela história “Tempo de Despertar” (de 1973, é quase uma autobiografia de Sacks) que
deu origem ao filme homônimo de 1990, com Robert De Niro e Robin Willians. Há
outros títulos deste autor, que imagino serem também muito intressantes
Na faculdade li vários livros de indicação do professores, alguns
considero clássicos para os estudantes de Psicologia, todos deveriam ler: “A leste do Éden” – John Steinback
(recomendação do meu professor Roberto de Psicanálise) conta a história de duas
famílias na Califórnia (EUA) e escolha
do bem ou do mal, este livro também foi adaptado para o cinema em 1955. “Nunca lhe prometi um jardim de rosas”-
Hanna Green, conta sobre um caso de Esquizofrenia. “A Hora
de Cinqüenta minutos” – Robert Lindner faz parte de uma coleção de contos
com relatos psicanalíticos da Editora Imago chamada Romance e Psicanálise, pelo
que conferi no site da Editora essa coleção não existe mais (foi indicação da
minha professora Bruneide). “O estranho
caso do cachorro morto” – Mark Haddon conta a história do assassinato de um
cachorro pela ótica de um garoto com uma síndrome do espectro autista e além
ser um livro interessantíssimo casa muito bem com “Olhe nos meus olhos” biografia do John Elder Robinson, que foi
diagnosticado com Asperger aos 40 anos da idade. “O Brilho de sua Luz” conta sobre a vida de Nick Traina por sua mãe
Danielle Steel, diagnosticado com Transtorno de Humor Bipolar.
Na indicação de livros pra quem pretende trabalhar com deficientes
auditivos, tenho ainda o “Crônicas da
Surdez” da Paula Pfeifer, lançado recentemente após a experiência da autora
em relatar situações vividas com a surdez, uma importante leitura na
diferenciação entre os surdos sinalizados e oralizados. Com os blogs
especializados sobre os mais diversos assuntos, leitura é o que não falta, mas
os livros, mesmo os romances são fontes inesgotáveis de entretenimento e
estudo.
Selecione os seus e boa leitura nas próximas férias.
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Pesquisar na Psicologia Sócio Histórica ou Histórico Cultural
Este texto é um texto preliminar para quem pretende iniciar os estudos acadêmicos na abordagem da Psicologia Sócio Histórica.
A formação do pesquisador não deve ser apenas no
campo da epistemologia ou metodologia.
Não basta aprender como se pesquisa, mas o
aprendiz deve fazer pesquisa. Deve definir estratégias concretas, realizá-las
efetivamente, mergulhar na análise de maneira crítica e produzir conhecimento.
·
Para a SH não é apenas uma ação instrumental e
mecanizada, a pesquisa deve envolver um compromisso aberto e declarado com uma
visão de homem, com seu objeto de estudo e com as conseqüências de tal escolha.
o
A escolha é um ato político e ideológico, não apenas
científico.
·
O objeto de estudo da Psicologia é o homem e
processo de construção do psiquismo.
Ø
Abordagem naturalística: considera apenas uma
relação unidirecional da natureza sobre o homem
Ø
Abordagem dialética: o homem age sobre a
natureza e cria, através das mudanças provocadas, outras conduções naturais
para sua existência.
- Essa última
visão, considerada pela SH demanda outros processos de investigação:
EPISTEMOLOGIA QUALITATIVA
(GONZALEZ-REY):
buscarmos a explicação do processo de constituição do objeto estudado,
ou seja, estudá-lo no seu processo histórico
Este homem,
constituído na e pela atividade, ao produzir sua forma humana de existência,
revela - em todas as suas expressões - a historicidade social, a ideologia, as
relações sociais, o modo de produção. Ao mesmo tempo, esse mesmo homem
expressa, a sua singularidade, o novo que é capaz de produzir, os significados
sociais e os sentidos subjetivos.
A apreensão
do homem, como nos lembra Vigotski (2001), se dará pela compreensão da gênese
social do individual, “ pela compreensão de como a singularidade se constrói na
universalidade e ao mesmo tempo e do mesmo modo, como a universalidade se
concretiza na singularidade, tendo a particularidade como mediação”. (Oliveira,
2001:1).
Podemos
afirmar que a linguagem seria o instrumento fundamental neste processo de
constituição do homem. “Os Signos, entendidos como instrumentos convencionais
de natureza social, são os meios de contato com o mundo exterior e, também, do
homem consigo mesmo e com a própria consciência” ( Aguiar 2000:129).
Como afirma
Vigotski, “ o pensamento não se exprime na palavra, mas nela se realiza”.
(2001:409). Temos assim que a relação pensamento - linguagem não pode ser outra
que não de uma relação de mediação, na qual ao mesmo tempo que um elemento não
se confunde com o outro, não pode ser compreendido sem o outro, onde um
constitui o outro. Desta forma, podemos afirmar que a compreensão da relação
pensamento, linguagem, passa pela necessária compreensão das categorias
significado e sentido.
Isto posto,
destacamos a necessidade da discussão das categorias significado e
sentido.
Segundo
Vigotski, (2001) o significado, no campo semântico, corresponde às relações que
a palavra pode encerrar; já no campo psicológico, é uma generalização, um
conceito.
Desta
maneira, a atividade humana é sempre significada: o homem, no agir humano,
realiza uma atividade externa e uma interna, e ambas as situações ( divisão
esta somente para fins didáticos) operam com os significados.
Os significados são, portanto, produções
históricas e sociais. Permitem a comunicação, a socialização de nossas
experiências. Embora sejam mais estáveis, “dicionarizados”, eles também se
transformam no movimento histórico, momento em que sua natureza interior se
modifica, alterando, consequentemente, a relação que mantém com o pensamento,
entendido como um processo.
zonas de sentido - zonas mais
instáveis, fluidas e profundas
O sentido é muito mais amplo que o
significado, pois o primeiro constitui a articulação dos eventos psicológicos
que o sujeito produz frente uma realidade.
Gonzalez
Rey,( 2003) o sentido subverte o
significado, pois ele não se submete a uma lógica racional externa. O
sentido refere-se a necessidades que,
muitas vezes, ainda não se realizaram, mas que mobilizam o sujeito, constituem
o seu ser, geram formas de colocá-lo na atividade.
O sentido coloca-se em um plano que se
aproxima mais da subjetividade, que com mais precisão expressa o sujeito, a
unidade de todos os processos cognitivos, afetivos e biológicos.
A apreensão dos sentidos:
- não significa apreendermos uma resposta única, coerente,
absolutamente definida, completa
- são expressões do sujeito muitas vezes contraditórias, parciais, que
nos apresentam indicadores das formas de ser do sujeito, de processos vividos
por ele.
Então como
apreendê-las?
Que caminho
nos conduziria a tal tarefa?
Procedimentos para análise através dos Núcleos de Significação
- as entrevistas devem ser consistentes
e suficientemente amplas de modo a evitar inferências desnecessárias ou inadequadas.
- elas devem ser recorrentes, isto é,
a cada entrevista, após uma primeira leitura o informante deverá ser consultado
no sentido de eliminar dúvidas, aprofundar colocações e reflexões e permitir
uma quase análise conjunta do processo
utilizado pelo sujeito para a produção de sentidos e significados.
- outros instrumentos podem permitir
aprimoramento e refinamento analítico. Para isto recomenda-se um plano de
observação, no processo das entrevistas, tanto para captar indicadores não
verbais, como para complementar e parear discursos e ações que estão nos
objetivos da investigação.
Outros instrumentos:
relatos escritos, narrativas, história de vida, frases incompletas,
autoconfrontação, vídeo-gravação e, inclusive, questionários ou desenhos desde
que sejam complementados e aprofundados através de entrevistas.
PROCESSO DE ANÁLISE
1.
A primeira etapa
se dá pela leitura flutuante e organização do material.
As leituras são feitas
do texto transcrito da entrevista, possibilitando que o pesquisador aproxime-se
do material, apropriando-se dele; e nesse processo organiza e enumera os pré-indicadores.
Os pré-indicadores são temas que se destacam por parecerem ter
importância para o sujeito da pesquisa, por estarem carregados de carga emocional,
ou também pelas ambivalências ou
contradições do que é expresso pelas falas, sempre relacionando esses
pré-indicadores com o problema de pesquisa proposto.
O produto dessa etapa é
uma lista de pré-indicadores que irão constituir em possibilidades de
construções dos núcleos de significação.
2.
A segunda etapa
se dá com o processo de aglutinação dos pré-indicadores levantados pelos
critérios de similaridade, complementaridade ou de contraposição.
O pesquisador atua em
uma análise do empírico atravessado fortemente pelo teórico, porém não é em si
uma construção teórica em sua completitude.
Identifica-se nesse
momento os indicadores que emergem
do processo de aglutinação dos
pré-indicadores. Ressalta-se que os indicadores podem ter significados diferentes em contexto
específicos.
3.
A terceira etapa
refere-se a dois momentos fundamentais para a elaboração de conhecimento a
partir do empírico realizado.
Primeira fase: a
construção dos núcleos de significação pelo entrelaçamento da articulação dos
indicadores, oferecendo uma nomeação a eles.
Esse processo ocorre
seguindo os critérios de articulação dos conteúdos dos indicadores por
semelhança, complementaridade e contradição. Dessa forma, acessam-se as
transformações e as contradições que ocorrem no processo de construção dos
sentidos e significados, objeto esses da análise da subjetividade.
O pesquisador
consegue ir além do que é aparente, coloca-se em uma postura interpretativa do
conhecimento construído a partir das falas do sujeito.
Segunda fase: análise
dos núcleos, que passa de um processo de
intranúcleo e segue para uma articulação internúcleos.
Essa análise compõe o
movimento dos sentidos do sujeito com suas contradições.
Nesse processo o
pesquisador, por meio de uma postura
construtivo-interpretativa, articula a fala do sujeito com o contexto
sócio-histórico ao qual está imerso, a fim de possibilitar compreender o
sujeito informante em sua totalidade.
Para atingir a
apreensão dos sentidos, os pesquisadores Aguiar & Ozella (2006) clarificam
a importância de investigar as necessidades expressas pelos sujeitos para
atingir as determinações constitutivas desses.
Os núcleos de significação elaborados são os pontos centrais e
fundamentais que confluem as determinações constitutivas do sujeito com o
problema proposto para a pesquisa. Inclusive, as nomeações dos núcleos de
significação, baseiam-se em expressões retiradas das falas do sujeito que
representam a articulação feita no desenvolvimento das emersões dos núcleos de
significação com o processo do sujeito atravessado pelos objetivos do estudo.
A análise é um momento em que as falas e emoções dos sujeitos são
organizadas em núcleos de significação e que precisam ser articuladas com o
contexto histórico no qual o sujeito se constrói e se constitui.
Para saber mais:
AGUIAR, Wanda Maria Junqueira; OZELLA, Sergio. Núcleos de significação como instrumento para apreensão da constituição dos sentidos. Psicologia Ciência e Profissão. V. 26, n.2, p.222-245, 2006.
Ozella, Sergio. Pesquisar ou construir conhecimento. O ensino da pesquisa na abordagem
sócio-histórica. Em A. M. B.
Bock (Org.), A perspectiva sócio-histórica na formação em psicologia
(pp. 113-131). Petrópolis: Vozes, 2003.
VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
domingo, 13 de outubro de 2013
Todos contra a publicidade infantil
Este post deveria ter sido escrito na ultima semana, mas me atrapalhei um pouco com as postagens, pois vou falar sobre o movimento que existe contra a publicidade infantil, que infelizmente não abrange toda sociedade. Faço parte de alguns grupos de mães na Internet que são contra a publicidade dirigida a criança, mas recentemente, ao comentar isso com uma pessoa conhecida ouvi algo do tipo: "Como assim? Você é contra a publicidade de brinquedos? A propaganda enganosa já é punida!" Eu digo que a propaganda enganosa não é punida, todas as propagandas que envolvem personagens infantis são enganosas e os produtos alimentícios dirigidos ao publico infantil é inadequado e extremamente calórico.
Eu nunca havia pensado seriamente sobre a publicidade infantil até ter filhos. Já havia questionado os programas infantis, que desde que eu era criança, eram inadequados e enganosos. Questionei o consumismos por um status social que muitas pessoa buscam. Na verdade desde que terminei a faculdade fui me desligando da tv. A falta de tempo fez de mim uma pessoa extremamente seletiva. Assistia apenas aos canais pagos e após a maternidade nem mais aos canais pagos.
Há um tempo o consumo desenfreado me assusta; pessoas que trocam de celular como quem troca de roupa, pessoas que fazem dívidas horrendas para se sentirem parte de um determinado grupo social e os alunos, que não compram livros, porque nunca têm dinheiro, mas além da mensalidade da faculdade, tem a mensalidade na loja de roupas, do tablet, a dívida do cartão de crédito. Sou a favor do consumo consciente, embora eu nem tenha muita certeza se realmente consigo comprar apenas aquilo preciso, mas tentar ensinar uma criança o que é consumo consciente é quase impossível. Uma criança de 4 anos não tem noção do valor do dinheiro, que é abstrato, mas sabe a vontade de ter aquele carrinho, ou aquela boneca que aparecem repetidas vezes na televisão, principalmente próximo as datas comemorativas de Dia das crianças e Natal.
O movimento contra a publicidade dirigida á criança iniciou em 2001 em um projeto de lei (PL 5.921/01) cujo texto foi aprovado pela câmara dos deputados apenas em 18/09/2013 (12 anos!!) e ainda sera encaminhado para o Senado federal.
O Conselho Regional de Psicologia emitiu um parecer escrito por Yves de La Taille que pode ser acessado na integra aqui, mostrando o posicionamento da Psicologia frente a publicidade infantil. Complementando com o documentário "Criança, a alma do negócio” que pode ser assistido no You Tube. E "Além do Cidadão Kane" que pode ser assistido na integra aqui.(sobre a influencia da Televisão)
Dados dos documentários mostram a dominação da mídia sobre população brasileira: só 1 terço da população pode pagar pelos produtos anunciados pela TV. Endividamento das classes mais pobres para terem acesso a produtos que não são de primeira necessidade.
Eu nunca havia pensado seriamente sobre a publicidade infantil até ter filhos. Já havia questionado os programas infantis, que desde que eu era criança, eram inadequados e enganosos. Questionei o consumismos por um status social que muitas pessoa buscam. Na verdade desde que terminei a faculdade fui me desligando da tv. A falta de tempo fez de mim uma pessoa extremamente seletiva. Assistia apenas aos canais pagos e após a maternidade nem mais aos canais pagos.
Há um tempo o consumo desenfreado me assusta; pessoas que trocam de celular como quem troca de roupa, pessoas que fazem dívidas horrendas para se sentirem parte de um determinado grupo social e os alunos, que não compram livros, porque nunca têm dinheiro, mas além da mensalidade da faculdade, tem a mensalidade na loja de roupas, do tablet, a dívida do cartão de crédito. Sou a favor do consumo consciente, embora eu nem tenha muita certeza se realmente consigo comprar apenas aquilo preciso, mas tentar ensinar uma criança o que é consumo consciente é quase impossível. Uma criança de 4 anos não tem noção do valor do dinheiro, que é abstrato, mas sabe a vontade de ter aquele carrinho, ou aquela boneca que aparecem repetidas vezes na televisão, principalmente próximo as datas comemorativas de Dia das crianças e Natal.
O movimento contra a publicidade dirigida á criança iniciou em 2001 em um projeto de lei (PL 5.921/01) cujo texto foi aprovado pela câmara dos deputados apenas em 18/09/2013 (12 anos!!) e ainda sera encaminhado para o Senado federal.
O Conselho Regional de Psicologia emitiu um parecer escrito por Yves de La Taille que pode ser acessado na integra aqui, mostrando o posicionamento da Psicologia frente a publicidade infantil. Complementando com o documentário "Criança, a alma do negócio” que pode ser assistido no You Tube. E "Além do Cidadão Kane" que pode ser assistido na integra aqui.(sobre a influencia da Televisão)
Dados dos documentários mostram a dominação da mídia sobre população brasileira: só 1 terço da população pode pagar pelos produtos anunciados pela TV. Endividamento das classes mais pobres para terem acesso a produtos que não são de primeira necessidade.
O discurso da publicidade é comercial, vende uma ideia que
não é apenas o produto, vende a alegria, a felicidade e o pertencimento a uma parte de população, que parece ser alcançada pela aquisição de determinado produto.
Acaba por ser um problema para a sociedade, que passa a associar
produtos adultos para as crianças (as crianças determinam 80% dos produtos
consumidos hoje).
A maioria dos produtos alimentícios anunciados para as
crianças são impróprios, são potencialmente calóricos e possuem grande quantidade de sódio, corantes e conservantes. Um exemplo disto é que os sucos chamados "néctar da fruta" possuem 50% de suco natural, os outros 50% é composto de água, açúcar, conservante e aditivos como corantes artificiais. Muitos do que são vendidos como suco não tem sequer 50% de suco natural. A mesma linha seguem as bebidas lácteas que são confundidas com leite.
A psicologia responde as demandas de caráter emergencial
para o bem estar da sociedade, visando que esta seja mais justa e igualitária. Para isto apresento alguns pontos que devem ser considerados no que diz respeito a regulamentação da publicidade
para a criança:
1 1)
Desejo e poder de compra: a criança tem desejo e
é influenciada por programas e propagandas. A criança pobre que não pode
comprar, não só fica frustrada como também cria um problema em casa, pois não
entendem que o pais não podem comprar. Isso não justifica a violência, embora
também a motive. Os pais algumas vezes cedem ao desejo dos filhos se
endividando para adquirir o que a criança deseja e deixando de comprar o eu é
realmente necessário. O desejo é sempre o desejo de compra e não
necessariamente o desejo pelo produto. (geralmente a criança brinca com o brinquedo novo por alguns minutos e logo se desinteressa)
2 2)
Manipulação: a manipulação pode ser boa, mas no
caso da propaganda é negativa. Vendem felicidade. Os profissionais da
publicidade estão ocupados em fazer a melhor propaganda e não o que é melhor
para a criança. Crianças e adultos são diferentes, a criança não sabe analisar
regras e não tem autonomia, por esse motivo a propaganda com personagens
infantis, representa figuras de autoridade para as crianças. Parte da noção de
que a criança não sabe o que quer e que é fácil induzir alguém a querer algo
que não sabe o que quer. Vontade X força de vontade. A criança não tem força de
vontade. Ela é imediatista, vive apenas as questões reais. Não faz
planejamento. A força de vontade é algo além da vontade, o que domina a vontade.
3 3)
Compreensão da realidade: são ingênuas por não
possuírem experiência, mas não se pode dizer que são deficientes, lidam com
situações reais e são facilmente iludidas pelos filmes publicitários que dão a
impressão de que o brinquedo faz mais do que realmente faz.
Para concluir:
1.
A publicidade desperta para o consumo e que nem
sempre é a favor de sua educação ou necessidade.
2.
A criança s deixa levar pela propaganda.
3.
Não possui repertório para julgar propaganda,
nem o produto sendo facilmente induzida ao erro.
4.
As vontades infantis são passageiras:
a.
atenção para as crianças que trabalham como
atrizes por desejo dos pais para a fama e;
b.
para a propaganda que coloca a criança como
consumidora.
c.
É preciso
desenvolver metas educativas para formar consumidores mais conscientes.
A Publicidade infantil só agrega ás empresas e não favorece a criança.
Para saber mais:
Leiam, informe-se e entrem nesta luta. (as imagens são todas do site Infância Livre de Consumismo)
domingo, 29 de setembro de 2013
Marx e Engels
(os filósofos que sustentam a Psicologia Sócio Histórico Cultural)
Como disse anteriormente, a Psicologia é fundamentada historicamente por diversas correntes filosóficas e a compreensão da Psicologia de Vigotski passa pelo entendimento da história social, política e econômica da Russia, assim como a compreensão da filosofia Marxista.
A primeira parte são anotações sobre Marx, de uma aula que assisti do Prof. Dr. Netto Berenchtein, no doutorado, que somei a gentil contribuição do colega: Prof. Dr. Adalberto Botarelli . A ideia deste post é do prof. Adalberto.
A primeira parte são anotações sobre Marx, de uma aula que assisti do Prof. Dr. Netto Berenchtein, no doutorado, que somei a gentil contribuição do colega: Prof. Dr. Adalberto Botarelli . A ideia deste post é do prof. Adalberto.
Marx e Engels tiveram algumas diferenças, mas quando Marx lê a critica a política, ele se insere nesta filosofia política e juntos eles produzem muita coisa.
Marx perde um filho, tamanha é a pobreza em que vive. Engels o ajuda como pode, mas ambos morrem paupérrimos.
Marx perde um filho, tamanha é a pobreza em que vive. Engels o ajuda como pode, mas ambos morrem paupérrimos.
A filosofia marxista é materialista. O materialismo é que mais se aproxima da ciência.
Marx nunca falou sobre o comunismo, o comunismo nunca existiu, para existir comunismo é preciso a supressão do Estado. Em Cuba, na Coreia e na China o que acontece é um socialismo, mas nem um socialismo de verdade porque eles possuem um governo autoritário.
Dialética Hegeliana
A lógica apresenta, em relação á sua forma, três aspectos inseparáveis.
Abstrato – acessível ao entendimento – tese
Dialético – negativamente racional – antítese
Especulativo – positivamente racional – síntese.
O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores.
No livro: "O desenvolvimento Cognitivo" do Lúria é claro que a compreensão do homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, é uma tese marxista. É esta tese que sustenta a pesquisa descrita no livro. Esta capacidade é o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas. Baseado na concepção materialista e dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes.
Marx queria ser professor de filosofia. Ele criticou o sistema filosófico idealista de Hegel. Enquanto que, para Hegel, da realidade se faz filosofia, para Marx a filosofia precisa incidir sobre a realidade. O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem, que começa com a necessidade de sobrevivência humana. A história se inicia com o próprio homem que, na busca da satisfação de necessidades, trabalha sobre a natureza (o trabalho é compreendido como forma de relação do homem com a natureza). À medida que realiza este trabalho, o homem se descobre como ser produtivo e passa a ter consciência de si e do mundo através do desenvolvimento e aprimoramento da produtividade do trabalho, da ciência sobre a realidade. Percebe-se então que "a história é o processo de criação do homem pelo trabalho humano".
No livro: "O desenvolvimento Cognitivo" do Lúria é claro que a compreensão do homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, é uma tese marxista. É esta tese que sustenta a pesquisa descrita no livro. Esta capacidade é o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas. Baseado na concepção materialista e dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes.
Marx queria ser professor de filosofia. Ele criticou o sistema filosófico idealista de Hegel. Enquanto que, para Hegel, da realidade se faz filosofia, para Marx a filosofia precisa incidir sobre a realidade. O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem, que começa com a necessidade de sobrevivência humana. A história se inicia com o próprio homem que, na busca da satisfação de necessidades, trabalha sobre a natureza (o trabalho é compreendido como forma de relação do homem com a natureza). À medida que realiza este trabalho, o homem se descobre como ser produtivo e passa a ter consciência de si e do mundo através do desenvolvimento e aprimoramento da produtividade do trabalho, da ciência sobre a realidade. Percebe-se então que "a história é o processo de criação do homem pelo trabalho humano".
________________________________________________________________________
Termos Importantes da Filosofia Marxista
Idealismo: (Berkeley)
1
– O espírito (razão) cria a matéria.
2
– O mundo não existe fora do nosso pensamento
3
– São as nossas ideias que criam as coisas
Materialismo:
(Marx)
1
– É a matéria que cria o espírito (razão)
2
– A matéria existe fora de todo espírito
3
– A experiência permite-nos conhecer as coisas (consciência)
Agnóstico:
( Hume e Kant)
Tentativa
de conciliar o idealismo e materialismo
Metafísica:
Identidade,
Isolamento das coisas, Divisões, Oposição de contrários.
Dialética: Mudança/Processo, Ação
recíproca, Contradições (afirmação/negação), Transformação de quantidade em
qualidade.
Materialismo
dialético (filosofia) - Parte da consideração de que os fenômenos
materiais são “processos”. Segundo o materialismo
dialético, o espírito (razão) não tem consequência passiva da ação da
matéria, assim pode reagir sobre aquilo
que o determina. Os fenômenos mecanicistas
são “processos”.
O
ser social determina a consciência, sendo que as relações sociais de produção
envolvem:
1
- Forças produtivas
- Conjunto formado pelo clima, água, solo, matérias-primas, máquinas, etc.
2
- Relação de Produção
- É a relação trabalhista entre burguesia x proletariado, que fundamenta toda a
sociedade.
3
- Modo de Produção - É a consequência entre (forças produtivas e
relação de produção ). É o desenvolvimento da vida social e econômica, etc.
4
- Contradição - Luta de Classes
5
- Antagonismo de Classes - É a contradição entre as diferentes classes:
“proletariado x burguesia”. Isso
acontece quando há a divisão da propriedade privada e a exploração trabalhista.
Assim, surge a luta de classes, pois cada classe luta pelos próprios
interesses.
6
- Mais valia - Obtida pela exploração do
trabalhador. O capitalista contrata o operário para trabalhar num certo período
de hora a fim de alcançar determinada produtividade. Mas, o trabalhador estando
disponível todo o tempo pode produzir o excedente que foi calculado. E o trabalho excedente não é pago ao operário,
ficando assim como lucro ao capitalista.
7
- Práxis - Marx desenvolve uma nova antropologia da “natureza humana”. Segundo
sua teoria, o trabalho, o existir humano parte do “agir”, o homem se autoproduz
à medida que transforma a natureza com sua força de trabalho. A condição humana
depende de sua existência social. A
práxis consiste na ação humana transformadora, identificando teoria com a
prática.
8
- Revolução e Práxis - Marx nomeia pela
ação humana de transformar a realidade. Significa a união dialética da teoria e da prática. Para Marx, o Estado
não supera as contradições da sociedade civil, mas é o reflexo delas e está aí
para perpetuá-las. Por isso, só aparentemente visa ao bem comum, estando de
fato a serviço da classe dominante.
Dialética
de Marx
Apesar
de influenciado por Hegel, Marx diz ter invertido a teoria dialética deste. Ao
passo que Hegel, entre outros de sua época, postulava a crença no Absoluto
(estado, ideias), Marx veio a inverter essa ordem (chamando a si mesmo de um
hegeliano às avessas). Coloca a produção material de uma época histórica como a
base da sociedade e, também, a criadora da subjetividade dessa época. Não é o
conhecimento espiritual (racional) que muda a produção da existência e,
consequentemente, a vida social, mas exatamente o contrário: com a atividade
prática, a revolução (equiparação das forças produtivas com relação ao corpo
social), o corpo social transforma também a sua subjetividade.
A
relação da produção da vida prática e material para com as ideias não é, porém,
determinística e reducionista como à primeira impressão pode parecer; existe
uma relação dialética entre essas duas entidades. Marx tinha um pensamento
prático e político que muitos entenderam como sendo um método a determinar a
realidade, chamando-o de materialismo histórico e dialético, que mais
tarde veio a ser denominado de marxismo.
O
ser social é determinado pelas condições materiais de existência em que os
seres humanos vivem na sociedade, não é a consciência que determina as suas
condições materiais de existência, mas estas que determinam aquelas.
“
Pensa-se de maneira diferente nem palácio e numa choupana” (Engels)
“
Tudo o que põe os homens em movimento
deve necessariamente passar pelo cérebro, mas a forma que isso toma nele
depende das circunstâncias” (Engels)
História
São
as mudanças sociais ao longo do tempo e refletem condições materiais de
existência, enquanto os idealistas consideram que as ideias geram vontade e
levam à ação, os materialistas partem do princípio de que é a ação que produz
vontade e gera ideias, sendo o fato histórico as ideias em luta.
A natureza não possui história, possui leis que fazem reproduzir-se sempre de um modo cíclico repetitivo, assim a natureza aparenta ter uma dialética.
A história é a história de um processo de desenvolvimento do espírito.(Hegel) Espírito se expressa através do humano.
O estado atual de algo traz em si dos estados precedentes. Sendo assim pode –se estudar algo hoje e conhecer o estado anterior.
A história não é exclusivamente positiva,o que se positivou, o que aconteceu, pois a história termina com o presente.
Para saber mais:
Arquivos Marxistas.
POLITZER,Georges. Princípios elementares de filosofia. São Paulo: Centauro, 2001.
LURIA, Alexader Romanovic. O desenvolvimento do Psiquismo. São Paulo, Imago, 2001.
Prof. Dr. Adalberto Botarelli
Graduação em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo (1991)
Mestrado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002)
Doutorado em Psicologia Social - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008).
Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF).Atualmente é professor titular da Universidade Bandeirante de São Paulo, com atuação no stricto sensu e Membro da Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Na Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo é membro do Comitê de Ética em Pesquisa. É professor da Universidade Nove de Julho.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Qual é o compromisso da Psicologia?
Ultimamente, tem se buscado cada vez mais
ressaltar o compromisso social da Psicologia, associando-o ao oferecimento de
serviços as camadas menos favorecidas da população, fugindo de concepções
psicologizantes e buscando perspectivas mais sociais.
A psicologia sempre esteve vinculada a
sociedade Brasileira e suas demandas e nos faz questionar que compromisso é
esse?
A
Tradição da Psicologia no Brasil está ligada ao atendimento dos interesses da
elite.
De acordo com os estudos realizados, as
idéias psicológicas aqui produzidas atendiam ao interesse das elites de
controlar, higienizar, diferenciar e categorizar. Isto se inicia na colonização
do Brasil por Portugal, produzidas por representantes da Igreja. (Os estudos
falam sobre características dos indígenas, mulheres e crianças e as formas de controlá-los
e foram considerados como sendo do campo da Psicologia por tratarem de
comportamentos e aspectos morais.)
No sec XIX, o Brasil deixa de ser colônia e
as idéias psicológicas passam a ser produzidas pela medicina: ( a vinda da
corte ao Brasil, gerou um grande desenvolvimento ao país e a cidade do Rio de
Janeiro, produzindo um movimento higienista material e moral – marcado pelo
surgimentos de escolas que se tornaram referencia no Brasil) buscava-se uma
sociedade livre da desordem e dos desvios. Surgem os asilos e hospícios com o
intuito de tratamento moral e as idéias da Psicologia buscavam contribuir com
esse trabalho da medicina. A Educação estava marcada por práticas autoritárias
e disciplinares buscava a higienização moral, e as idéias produzidas buscavam o
controle dos impulsos infantis. As idéias da medicina falavam sobre o
decaimento das raças e da imoralidade na sociedade, que era resolvido ou pela
educação ou pela reclusão dos imorais. (a Moral era da natureza do Homem, que
era perdida quando este se decaia- mas as qualidades desse homem possuidor de
uma moral correspondiam aos europeus, assim apenas a elite possuía essa
característica, que se distanciava do trabalhador brasileiro e dos escravos.
Desta forma associava-se a imoralidade á pobreza e a negritude.)
No final do séc. XIX inicia-se a Republica
e no séc. XX a riqueza cafeeira e o desenvolvimento da região sudeste. A
Psicologia adquire estatuto de ciência na Europa seguida dos EUA. A Escola Nova
passa a valorizar a infância e surgem as idéias desenvolvimentistas na
Psicologia.
Neste período também surgem as idéias
voltadas para a administração e trabalho, a Psicologia contribui com
conhecimento e técnica que facilita a diferenciação das pessoas, formando
grupos mais homogêneos nas escolas e nas empresas.
As guerras trouxeram o desenvolvimento de
testes psicológicos, que viabiliza a prática diferenciadora e categorizadora da
Psicologia. Foi com esse a[parelho ideológico que a Psicologia se tornou uma profissão
reconhecida em 1962.
Uma profissão que tem servido apenas as
elites, e tem pouco poder de negociação com o Estado para mostrar sua
capacidade de contribuição com o social.
“A pesquisa realizada pelo Conselho
Regional de Psicologia de São Paulo (1995), junto a categoria dos psicólogos,
mostrou que, dos inscritos no CRP, 75,2% atuavam na profissão; 17,7% desistiram de exercer e 7,1% não chegaram a exercer a profissão. Dos que atuavam na profissão 54,7% estavam na área clinica/saúde; 17,86%, na educação; 13,05%, em trabalho; 5,48%, em social; 8,59% em outras áreas (incluindo psicologia jurídica, esporte, trânsito) e 0,35% não respondeu. Trabalhavam em consultório particular 41,15%, atuavam em hospitais 12,31%, em unidades básicas de saúde 3%, em ambulatórios de saúde mental 4%. Em instituições particulares trabalhavam 63,04% e no público 23,48%. ” (BOCK, 2003, p.19)
Temos muitos psicólogos na saúde, poucos
trabalhando em instituições. Muitos em consultórios particulares que não está
ao alcance da população mais carente e desta forma é uma inserção pequena na
sociedade. A Psicologia também é uma profissão onde há pouca diversificação e isso
reflete numa limitada contribuição a sociedade, onde se
apresenta como uma ciência e uma profissão conservadoras, que não constroem nem
debatem uma transformação social devido as idéias naturalizantes de homem.
Nos anos 70 a tentativa de aproximar a
psicologia da sociedade se deu com a criação da Psicologia Comunitária, que nos
anos 80 contribuiu para se tornar uma profissão feminina.
Alguns
elementos ideológicos da profissão
Destacaremos três elementos:
1.
A Psicologia tem naturalizado o
fenômeno Psicológico – No estudo de 1999, Bock estudou a concepção de fenômeno
psicológico para os psicólogos brasileiros e notou que este fenômeno é visto
como algo abstrato, que tem destino traçado e nasce com a pessoa. Este fenômeno
é identificado como “verdadeiro eu”, que está em todos nós e se desenvolverá
conforme o homem for aproveitando as situações de estimulação que o mundo
social oferece.
Essa concepção de fenômeno
psicológico traz uma Psicologia de costas para a vida social pois não é
necessário compreender a cultura, a vida social, os valores sociais e os meios
de produção para a compreensão do psiquismo. A pratica profissional acaba voltada
para um suporte ao desenvolvimento natural, reencaminhando para o
“trilho”,quando se percebe um desvio, e as teorias psicológicas ficam
associadas as patologias, doenças, conflitos, desajustes e desequilíbrios,
tornando difícil desenvolver uma profissão que consiga promover qualidade de
vida e saúde.
O fenômeno psicológico não
pode ser concebido como algo natural e universal. Nossa concepção sobre
subjetividade deve unir o mundo objetivo com o subjetivo, para compreendê-los
como produções históricas a partir da ação transformadora do homem sobre o
mundo.
“A humanidade deve ser vista como algo que está no mundo objetivo, na medida em que o homem, ao transformar o mundo material para suprir suas necessidades, ultrapassou os limites da sua natureza animal e humanizou-se e se pôs no mundo, transformando-o e humanizando-o. Os objetos culturais, criados pelos homens, contem características humanizadas deste homem. Nascemos candidatos a humanidade”. (BOCK, 2003 p.22-23)
E assim o mundo psicológico deve ser concebido como construção deste mundo objetivo.
“A humanidade deve ser vista como algo que está no mundo objetivo, na medida em que o homem, ao transformar o mundo material para suprir suas necessidades, ultrapassou os limites da sua natureza animal e humanizou-se e se pôs no mundo, transformando-o e humanizando-o. Os objetos culturais, criados pelos homens, contem características humanizadas deste homem. Nascemos candidatos a humanidade”. (BOCK, 2003 p.22-23)
E assim o mundo psicológico deve ser concebido como construção deste mundo objetivo.
As concepções
naturalizantes nos afastam da realidade social e ofuscam a construção social do
psiquismo. Propor transformações psíquicas exigem um projeto social.
2.
Os Psicólogos não tem concebido
suas intervenções como trabalho - Se as
principais características do psiquismo são vistas como naturais e o homem
percorre seu caminho corretamente, então não há nada que possamos fazer pois
trajeto será percorrido tranquilamente. No entanto esse mundo social acaba
sendo visto como um mundo perverso, ruim e difícil que nos obriga a estar
atentos ao desenvolvimento do psiquismo para que possamos corrigir, curar ou
consertar o que se desviou. Nossa missão é consertar o que a natureza criou e a
sociedade desviou. Mas se por essa mesma via, o sujeito é natural, o nosso
trabalho é apenas uma colaboração para que o sujeito possa se autoconhecer e se
auto conduzir. Os psicólogos não acreditam que direcionam o desenvolvimento do
seu cliente, pois a direção desse desenvolvimento é dada pela natureza e o
trabalho da psicologia acaba por ser desvelar o desconhecido, verdades sobre o
sujeito de forma neutra.
O trabalho de intervenção
direcionado e intencional não existe para a maioria dos psicólogos, todos os
recursos de trabalho são vistos como neutros. O psicólogo trabalha para
transformar uma determinada direção, pois só assim ele sabe quando dar alta, ou
quando que alguém precisa do seu trabalho. Ele tem um padrão do que é desejável
ou esperado, mas a Psicologia nega esse direcionamento. (consideraremos um bom
exercício, nós pensarmos sobre os critérios que permitem a nós psicólogos
julgarmos a saúde psíquica de alguém- e veremos que eles estão ligados a
sociedade)
3.
A Psicologia tem concebido os
sujeitos como responsáveis e capazes de promover seu próprio desenvolvimento –
Se estamos falando de um sujeito que possui características naturais, estamos
falando de um sujeito que possui uma força que se movimenta e se desenvolve,
produz sua própria individuação. A sociedade não tem papel algum, ela ajuda ou
atrapalha, mas nunca é vista como construção humana. A Psicologia, então cria
uma ideologia que responsabiliza o homem por seus próprios erros. Essa
concepção é muito presente na educação quando atribui a dificuldade de
aprendizagem ao sujeito e no trabalho o clinico do psicólogo que vê sua
intervenção como uma contribuição para o sujeito se curar.
Os psicólogos tem se
isentado de discutir projetos sociais, porque o homem e seu psicológico, da
forma como são compreendidos não exigem essa discussão. São poucos os
psicólogos que se manifestam em relação as questões sociais. Essas idéias
precisam ser superadas (exemplos: crianças não aprendem na escola porque não se
esforçam ou porque tem pais que bebem e mães ausentes, ou ainda mães pobres?
Jovens dão tiros em crianças porque possuem natureza violenta)
É preciso trabalhar
criticamente e inverter essas explicações, é preciso compreender as relações
sociais e as formas de produção da vida como fatores responsáveis pela produção
do mundo psicológico. Considerarmos a cultura e a sociedade como constituintes
dessa subjetividade. E não olharmos esse psiquismo como natural, universal e
isolado dentro do indivíduo. Essa visão aproximará a psicologia da sociedade.
Por fim:
"A psicologia que queremos é a que tem
compromisso social, mas um compromisso voltado para a transformação da
sociedade. Queremos uma sociedade justa e igualitária na qual todos tenham
acesso á riqueza da produção humana, material e espiritual; onde todos vivam
com dignidade sua humanidade naquilo que ela tenha de mais desenvolvido.” (GONÇALVES, 2003)
Para saber mais:
BOCK, Ana Merces Bahia (orgs). Psicologia e
Compromisso Social. São Paulo: Cortez, 2003.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Um pouco de Cidadania.
Este texto eu escrevi quando trabalhava numa escola de ensino fundamental e médio, com o intuito de conscientizar alunos e pais sobre como agir diante de pessoas com deficiência. A escola estava iniciando o processo de inclusão de alunos deficientes e era necessário torna-la mais acessível socialmente para essas pessoas.
A nossa sociedade é deficiente neste quesito, a convivência social é pouco acessível. As calçadas são ruins, a sinalização ineficaz. Por isso é preciso valorizar todas as iniciativas como sinais sonoros para travessia de cegos, sinalização em relevo nas calçadas, assim como as vagas e os sanitários reservados para deficientes físicos.
Muito se fala de Inclusão de pessoas com
deficiência nas escolas regulares ou no trabalho, mas pouco as pessoas sabem
sobre o assunto. Justamente por não termos convivido com a diversidade durante
a nossa formação possuímos pré conceitos acerca da capacidade dessas pessoas e
ficamos acanhados diante delas. Por isso estou escrevendo algumas dicas básicas,
que considero serem de cidadania, e tende á ajudar á todos numa convivência
melhor.
Deficientes
Físicos:
Quando notar que alguma pessoa move-se com
dificuldade, primeiramente ofereça ajuda e só empurre a cadeira de rodas ou
ofereça algum apoio se ele aceitar. Embora muitas vezes nós vemos o banheiro de
deficientes vazio, evite usar, pois os deficientes necessitam de um grande contato
com o vaso sanitário e você sujando o vaso além de estar dificultando, estará prejudicando
a saúde dele. O mesmo vale para as vagas no estacionamento, eles precisam das
vagas maiores, por isso não estacione nos locais reservados.
Cegos:
Ao encontrar um cego esperando para
atravessar uma rua ofereça ajuda e pergunte para onde ele quer ir. Não pegue no
braço dele, pois o certo é oferecer seu braço, para que a pessoa não perca a
orientação. Caminhe num ritmo razoável (mais para devagar), desviando de buracos
e observe como ele o acompanha, lembre-se de avisá-lo se avistar um degrau.
Outra dica muito importante é que você deve atravessar de uma esquina para
outra em linha reta, jamais em diagonal, para que a pessoa não perca a noção de
espaço e orientação. Em conversas não se preocupe se usar termos como “olhe” ou
“veja”, note que o cegos costumam ser mais sérios e suas risadas são curtas,
mas apenas por não poderem ver a reação de outras pessoas. Avise sempre quando
chegar, quando outras pessoas se aproximarem e não se esqueça de avisar que
você esta saindo da roda, quando o fizer, para que ele não fique falando
sozinho.
Surdos:
Fale sempre de frente para eles, a maioria
consegue fazer leitura labial. Se a pessoa possuir uma deficiência auditiva de
moderada á leve, e que seja capaz de ouvir pergunte se ela prefere que você
fale mais alto, e ao falar procure a altura da voz que ela seja capaz de ouvir.
Se encontrar um surdo na rua e você não souber a Língua de Sinais, não tente
fazer gestos, pois você pode confundi-lo. Tente falar de frente para ele e sem
gesticular muito. Há surdos oralizados e surdos sinalizados. Os oralizados fazem leitura labial e conversam normalmente. Os surdos sinalizados geralmente conversam com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Por desenvolver bem a
capacidade visual, dificilmente os surdos são vitimas de assaltos, pois andam
sempre muito atentos e desconfiados, são também bastante alegres. Por
dependerem muito dos estímulos visuais reconhecem as emoções e expressões
faciais com mais facilidade.
Não tenha medo de usar as palavras surdos e
cegos, embora as pessoas pensem que é errado, eles preferem que seja assim.
Utiliza-se o termo deficiência visual ou auditiva quando o grau não é severo e
a pessoa é capaz de discriminar estímulos com ou sem auxílio de aparelhos. Os
deficientes não são agressivos, as crianças, assim como todos nós só agridem se
conviverem nem ambiente onde são constantemente agredidas.
E infelizmente
quando agimos com preconceito e hostilidade, que é como a sociedade se mostra,
só recebemos este de volta. Vigotski dizia que o pior problema que uma pessoa deficiente tem não é a deficiência em si, mas a forma como a sociedade a trata.
Lembra da propaganda do Carlinhos? (veja aqui) As pessoas com Síndrome de down, apesar de suas
limitações, são sempre alegres e receptivas ao contato social, e muito sinceras.
Assim como todos nós eles também tem os
seus dias ruins, mas depende de cada com pequenas ações não deixar que fique
pior.
O que os deficientes mais precisam é do seu respeito.
Para saber mais:
APAE
Raquel Alves Cassoli
Psicologa pela PUC- Campinas em 2000.
Professora Universitária na UNINOVE.
Mestre em Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP em 2006.
Doutoranda em Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Repúdio.
Sábado dia
31 de agosto ocorreu na UFMS um evento ótimo. Foi um mini-curso "Por Uma Clínica
Histórico-Cultural" faz parte do projeto "Temas marginais em
Psicologia Histórico-Cultural" que visa trazer ao Câmpus Paranaíba (CPAR),
da UFMS, pesquisadores que trabalham com temas que historicamente foram pouco
desenvolvidos pela Psicologia Histórico-Cultural ou que pelo menos no Brasil
não se tenham muitas discussões a respeito, assim, alguns dos assuntos que se
pretende abordar são: a clínica, o abuso de substâncias, o inconsciente, a
psicopatologia, gênero e etnia, entre outros. O projeto, muito interessante, que pretende
ocorrer uma vez por mês no câmpus, adota o formato de mini-cursos por permitir
que os pesquisadores possam expor com tempo adequado suas ideias e que haja
condições propícias ao debate. Foi realizado pelo Instituto Aberto de
Psicologia Histórico-Cultural - Unidade de Paranaíba. O tema discutido
foi "Por Uma Clínica Histórico-Cultural" e trouxe Achilles Delari Junior e Armando
Marino Filho. Foi GRATUITO.
Ao que tudo indica o
mini curso foi ótimo e transcorreu tudo bem, já tem outro previsto para o mês de setembro. Após o evento, o Professor Doutor Nilson
Berenchtein Netto levou os convidados a um restaurante e neste
local encontram com o prefeito da cidade que agrediu o professor da
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, verbal e fisicamente, pelo fato do
professor ter pedido um debate sobre a vinda do curso de medicina veterinária.
A seguir está a carta
aberta escrita pelo professor, que na sessão da câmara dos vereadores foi
impedido de se defender (veja aqui) e ameaçado por um vereador que disse que o prefeito foi
bonzinho pois devia logo ter pago alguém para acabar com ele.
Considero tudo isto inaceitável.
Carta
à Comunidade Acadêmica da UFMS/CPAR
Estimadas e Estimados colegas Professores,
Técnicos e Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Câmpus
Paranaíba;
Escrevo para relatar um gravíssimo e preocupante
acontecido que acredito nos atingir a todas e todos.
Hoje (31/08), realizamos uma atividade no
câmpus, um mini-curso com dois professores de fora do município sobre a prática
clínica na perspectiva Histórico-Cultural. Após o evento, fomos levar os
palestrantes para jantar no restaurante Come-Come. Enquanto conversávamos sobre
nossas práticas profissionais, chegou à nossa mesa o Prefeito do Município,
Diogo Robalinho de Queiroz, também conhecido pela alcunha de Tita ou Diogo
Tita, bravejando quem éramos nós, “barbudos”, e que ele estava trazendo para o
município, junto com a reitora Célia, o curso de Medicina Veterinária; ao que
respondi lamentar a vinda de tal curso (posição que, aliás, defendo
publicamente).
O Senhor Prefeito, com um comportamento
notadamente alterado, respondeu-me com um TAPA no rosto e continuou bravejando:
“Cala a boca, sabe quem eu sou? Eu sou o prefeito desse município!” e continuo,
“lamentáveis são suas barbas”, essas “barbas de buceta”, e que não sabemos o
custo que é manter uma universidade e que somos um “bando de vagabundos que
chupinhamos o Estado”. Nesse momento, um dos professores convidados pediu que
ele se acalmasse, pois em nossa conversa sequer estávamos falando do município
ou da Universidade, ao que o Senhor Prefeito respondeu com outro TAPA, em sua
mão, mandando-lhe também calar a boca. Mandou-nos a todos calarmos a boca
inúmeras vezes, enquanto repetia, gritando descontrolado, o mesmo discurso
relatado, com poucas variações e alguns acréscimos como: “Fui eu quem trouxe a
Universidade Estadual para Paranaíba e o Ramez Tebet a Federal”, “Queria eu ser
psicólogo, esses vagabundos que vivem em seus mundinhos e não pagam suas
contas” e “Esses professores vagabundos que vêm de Campo Grande chupinhar nosso
dinheiro”. Quando as pessoas que o acompanhavam foram retirá-lo, ele começou a
gritar à distância, para as pessoas que estavam no restaurante: “Olhem para
esses vagabundos que vem aqui nos atrapalhar, EU estou trazendo o curso de
Medicina Veterinária para essa cidade”. Retornando à nossa mesa e repetindo as
mesmas ofensas, fora novamente conduzido por seus acompanhantes à mesa em que
estava sentado.
Minutos depois, mais uma vez conduzido por seus
acompanhantes à sua camionete, retornou à mesa, apontando o dedo na cara do
professor palestrante (nosso convidado) dizendo que eles ainda irão conversar,
que ele o conhece, com uma evidente ameaça ao professor e que entendemos
extensiva a nós professores da UFMS/CPAR, já que não seria possível ao Senhor
Prefeito conhecer nosso convidado, por ele não ser do município ou sequer do
estado.
O fato ocorrido demonstra a completa ausência de
trato com a coisa pública por parte do Senhor Perfeito. Fui abordado em
público, num espaço não reservado a discussões de tal monta, para tratar de
assuntos que deveriam ser discutido em adequados fóruns.
A isso acresça-se o ABUSO DE PODER perpetrado
pelo Senhor Prefeito contra os ali presentes quando junto com o tapa, evoca sua
condição de administrador público: “Cala a boca, sabe quem eu sou? Eu sou o
prefeito desse município!”
Diante disso, gostaria de desenvolver algumas
reflexões:
1 – Tal fato acontece exatamente no dia seguinte
ao que estive em Campo Grande, junto a outros professores e representante
discente em reunião da ADLeste com a Reitora e pró-reitores, como representante
sindical deste campus na composição de comissão organizada pela ADLeste,
expondo as condições deterioradas de trabalho e estudo de professores, técnicos
e estudantes nos câmpus da UFMS (inclusive enviei convite aos colegas
professores e técnicos convidando à reunião em que discutimos o conteúdo do documento
apresentado à Magnífica Reitora e os Pró-reitores).
2 – É uma situação aviltante o fato de que um
trabalhador desta Universidade tenha sido chamado de vagabundo, quando nós
professores (ao menos os do curso de Psicologia) historicamente, nesse câmpus,
trabalhamos carga-horária superior àquela que os sindicatos defendem como
razoáveis, em condições precárias e que nos impossibilitam de desenvolver
adequadamente nossas atividades-fim (ensino, pesquisa e extensão).
3 – Ademais, o Senhor Prefeito, ao referir-se a
nós, psicólogos, como “vagabundos que vivem em seus mundinhos”, além de denotar
seu profundo desconhecimento da realidade da produção de conhecimento
psicológico, bem como da realidade dos profissionais psicólogos, profere uma
grave ofensa ao conjunto da categoria dos psicólogos. Também nossos alunos,
futuros psicólogos, foram gravemente ofendidos em suas escolhas de projeto
profissional. Por fim, o prefeito demonstrou, publicamente, o desprezo que
nutre por estes profissionais e, por derivação, pela existência de tal curso
neste câmpus.
4 – Ao dizer que não pago minhas contas – o que,
antes de tudo é uma calúnia e só mostra o despreparo do Senhor Prefeito com os
assuntos da vida pública –, o Senhor Prefeito olvida-se do fato de que é o
conjunto de impostos que nós, trabalhadores, pagamos, que retorna a ele sob a
forma de salário para que na investidura do seu cargo cuide da administração
pública da cidade.
5 – É um fato vergonhoso a qualquer munícipe o
de que o prefeito de sua cidade tenha agredido fisicamente e ofendido a um
professor que se dispôs, sem qualquer remuneração ou pró-labore, a
deslocarem-se a um campus de interior para trazer-nos uma discussão de
altíssimo nível, enquanto se gaba por estar trazendo um novo curso para esta mesma
Universidade, que imagino desconhecer as atuais condições de trabalho e estudo
de professores, técnicos e estudantes.
Diante disso proponho:
1 – Mesmo estando aprovada a vinda do curso de
Medicina Veterinária para o câmpus, retomarmos o debate amplo e aprofundado
acerca desse fato, que é também uma questão política.
2 – A retomada das discussões a respeito das
condições de trabalho e estudo a que nós, professores, técnicos e estudantes,
estamos sujeitos na UFMS.
3 – Que haja ampla discussão acerca dessa
afronta à autonomia da universidade pública.
4 – Que discutamos as precárias condições
oferecidas pelo município (transporte público, assistência, saúde e trabalho)
para a permanência dos estudantes no município e no câmpus.
5 – Que a Universidade se manifeste oficialmente
em relação ao ocorrido.
Paranaíba/MS, 31de agosto de 2013.
Professor Doutor Nilson Berenchtein Netto
Psicólogo – CRP/MS 14/05620-9
Professor Adjunto da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul – Câmpus Paranaíba
Coordenador do Curso de Psicologia da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Câmpus Paranaíba
Abuso de poder, falta de respeito com o professor e com a Psicologia.
Este fato ecoou pelas redes sociais e recebeu notas de repúdio do Conselho federal e regional de Psicologia, ABRAPSO, alunos da universidade, Sindicato dos psicólogos no Paraná, ADUNESP e outras entidades, inclusive entidades internacionais.
Estou com o Professor Netto e faço uso deste espaço para que, quem sabe, com esta mobilização esse prefeito possa saber o lugar dele (que não é na prefeitura, uma vez que ele deveria estar ao lado do povo).
Sim, isto é tema de aula, é preciso que as pessoas saibam e reivindiquem seus direitos. Lutaremos contra a violência do sistema capitalista e desta sociedade elitista.
Assinar:
Postagens (Atom)